A grande novidade seria salvar o cinema do seu bairro
(Francesca Azzi, Curadora do INDIE)

“Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.”
– Ana Cristina Cesar, em “A teus pés”

 
O INDIE2020 não terá em sua 19ª edição seus detalhes significantes – a parte física e sensorial do fenômeno e signo CINEMA. Não teremos, a presença do público interessado e afobado para a próxima sessão, as bilheterias, as longas filas, as conversas e infinitas trocas nessas mesmas filas, os cheiros no ar do hall de entrada, o bater da xícaras, o cheiro do café, o pão de queijo comido às pressas, a presença dos amigos e diretores, as ruas, a corrida das chuvinhas de São Paulo, ou o calor inebriante de Belo Horizonte… e principalmente: a tela escura (este ícone da sala de cinema), a sala em si lotada ou vazia, o filme, sua imponência, seu som alto, sua potência significante, cores!, o início, meio e fim, o início, meio e fim…

 
A pandemia da Covid19 nos varreu quase todas as oportunidades de retornarmos às salas de cinemas durante 7 meses. Quase tudo em 2020, desde março, foi absolutamente cancelado: as inúmeras pré-estreias, centenas de eventos, festivais e mostras de cinema que acontecem em todo o Brasil e no mundo. Um mercado vigoroso internacional ficou à deriva… Há inúmeras maneiras de enfrentarmos uma pandemia e sem dúvida, uma delas, foi fortalecer todas as atividades online, indoor, #emcasa, inclusive “assistir a um bom filme”. Um ótimo aliado para suportar tantas dores, perdas, stress. Realizamos uma ação chamada #zetanaquarentena, com filmes de arte, clássicos, independentes, acessíveis gratuitamente. Claro que este “cinema online” em 2020, não significaria mais nenhuma novidade, em uma cultura de inúmeras plataformas com conteúdo pago. Mas como último elo da cadeia, as plataformas se debatem para ter aquilo que chamamos de conteúdo “inédito”. A pandemia significou uma disrupção muito dura para o mercado internacional do cinema independente, nesta lógica de mercado, e para as salas de cinema fechadas por tantos meses, e em todo âmbito da palavra CULTURA.

 
O INDIE se recolheu ao isolamento da pandemia.

 
Durante quase 20 anos o INDIE espelhou muito do que acreditamos como festival de cinema. Escolhas precisas, meses de muitas discussões, e trocas. Filmes independentes de todo o mundo que significavam algo para nós e construíam ao longo do tempo, no espectador, muitos sentidos. Uma busca permanente por novos talentos, pela valorização das referências de diretores fundamentais, estéticas e por um cinema que extrapola as fronteiras de um mercado comercial e aponta para o futuro estruturalmente artístico do cinema.

 
Mas a vida continua, mesmo com todo o peso e tristeza nas tantas perdas da pandemia, precisamos acreditar e dar espaço para a voz dos diretores, produtores, agentes, distribuidores, para que o cinema prossiga na sua existência. E para que as salas de cinema sobrevivam depois de passada essa pandemia.

 
O INDIE traz nomes fundamentais do cinema independente nesta sua primeira edição online.

 
Parece inacreditável que tenhamos reunidos nesta edição nomes tão importantes para o cinema internacional como os de Dan Sallitt, Jennifer Reeder, Angela Schanelec, Koji Fukada, Pedro Costa, Apichatpong Weerasethakul, Albert Serra, Wayne Wang, Seamus Murphy e Garin Nugroho são os diretores e diretoras que estarão em destaque nas mostras internacionais (Retrospectiva, Première & Sessão Especial).

 
A grande novidade é que o INDIE se torna a partir de 2020 um festival competitivo e selecionamos 8 filmes para que um júri especializado composto por grandes especialistas na área, escolha o melhor filme do INDIE 2020. Esta decisão veio para estimular a distribuição de títulos no mercado exibidor brasileiro. E para termos a presença de nomes fundamentais para a mostra competitiva como o mestre James Benning (On Paradise Road), o renomado documentarista japonês Kazuhiro Soda (Zero), o novo cinema asiático nas vozes criativas de Wang Xiaozhen (Love Poem), e das diretoras talentosas Liu Shu (Lost Lotus), Zheng Lu Xinyuan (Uma nuvem no quarto dela, que ganhou o Tiger Awards em Roterdã).

 
O cinema latino-americano representado, na competitiva, por Sanctorum, do mexicano Joshua Gil; Agosto do novo diretor cubano Armando Capó e um filme argentino dirigido por quatro diretores de diferentes gerações Edição Ilimitada de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin, Romina Paula. E do Brasil, na Première, a estreia na direção de longas de Leandro Lara com seu belo e original Rodantes e a coprodução Argentina/Brasil, do sensível A Barqueira, na também estreia da argentina Sabrina Blanco.

 
O INDIE 2020 apresenta na Retrospectiva DAN SALLITT o cinema do conceituado diretor americano. Um dos principais autores do cinema independente americano contemporâneo, Sallitt traz filmes com uma aparente simplicidade que se revelam de alta complexidade seja em diálogos cotidianos, em pequenos acontecimentos que se mostram de grande relevância. O mais interessante na vida e obra de Sallitt é seu modo de fazer cinema, de uma maneira admiravelmente independente, sagaz, original.

 
E como sessão especial convidamos a diretora de Knives and Skin (que fará sua Première aqui), a norte-americana Jennifer Reeder para montar o que chamamos de FFDF (FEMINIST FUTURE DREAM FEVER): 4 curtas realizados por ela nos quais o uso da música, através de versões à capela, de coros e bandas, de músicas pop e metal; a estética high school do interior dos EUA; e o marcante trabalho com o imaginário adolescente, principalmente feminino, criam uma identidade única para seus filmes sobre relacionamentos, traumas, as angústias e como amadurecer com essas experiências.

 
No INDIE 2020 ONLINE decidimos por uma programação curatorial com horários e poucas exibições porque quase todos os filmes apresentados aqui estão inéditos no Brasil, e queremos apostar que ainda serão vistos também nas salas de cinema. As salas, assim como todas as atividades relacionadas ao cinema que acreditamos, precisam resistir!

 
O INDIE 2020 trará chances únicas de cada espectador vivenciar este festival em todo o Brasil. Assim acreditamos que estaremos aumentando nossa amplitude, e oferecendo tais filmes gratuitamente, tentamos participar de uma maneira mais democrática de todo esse momento complexo que vivemos.

 
Sejam bem-vindos!

 
#vaiterindie #salvemoscinemas #indieresiste

 
INDIE 2020 – Online
04 a 11 de novembro
35 filmes, 16 países, 43 sessões.

Mostra competitiva
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A primeira mostra competitiva do INDIE em 19 edições. Foram escolhidos 8 filmes, em que latinos e asiáticos dominam o programa, há realizações de diretores veteranos e estreantes, documentário e ficções. O cinema contemporâneo atual em transição. O cinema latino em Sanctorum, do mexicano Joshua Gil; Agosto do cubano de Armando Capó e o filme argentino dirigido por quatro diretores de diferentes gerações Edição Ilimitada de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin, Romina Paula. O genial diretor americano James Benning em On Paradise Road. O primeiro filme da jovem diretora chinesa Zheng Lu Xinyuan, que ganhou o Tiger Awards em Rotterdam, Uma nuvem no quarto dela, se reúne com outros diretores da nova geração do cinema asiático como Liu Shu, com o seu segundo filme Lost Lotus; o japonês Kazuhiro Soda, que tem seu próprio método observacional de produção de documentários, em Zero; além de Love Poem, de Wang Xiaozhen, que é ator e diretor do filme e brinca com as noções de real e interpretação.

FILMES >
Première
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Nove filmes em pré-estreia estão na seção Première. o programa propõe sessões únicas de filmes inéditos do circuito que tiveram seus lançamentos interrompidos pela pandemia. A programação traz os últimos filmes de diretores como Wayne Wang (De volta para casa), Koji Fukada (Perfil de uma mulher), Angela Schanelec (Eu estava em casa, mas…), Pedro Costa (Vitalina Varela), Jennifer Reeder (Knives and Skin), Albert Serra (Liberté), Seamus Murphy (PJ Harvey: Um cão chamado dinheiro), além dos filmes do brasileiro Leandro Lara (Rodantes) e a coprodução Argentina/Brasil em A Barqueira, a estreia da argentina Sabrina Blanco.

FILMES >
Retrospectiva
Dan Sallitt
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O INDIE 2020 apresenta na seção Retrospectiva, nesta edição online, o cinema do diretor americano Dan Sallitt. Um dos principais autores do cinema independente americano contemporâneo, Sallitt traz filmes com uma aparente simplicidade que se revelam de alta complexidade seja em diálogos cotidianos, em pequenos acontecimentos que se mostram de grande relevância. Uma câmera que acompanha encontros, conversas frugais que nascem das caminhadas com os amigos, as relações amorosas, um certo humor e charme. Sallitt, que nasceu na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1955, além de cineasta, é roteirista, foi crítico de cinema, além de escrever para várias publicações como The Chicago Reader, Slate e Mubi. A retrospectiva exibe todos os filmes de Sallitt, inclusive seu último trabalho, o curta Caterina (2019) e os longas Fourteen (2019), The Unspeakable Act (2012), All the Ships at Sea (2004), Honeymoon (1998) e Polly Perverse Strikes Again! (1986).

FILMES >
Sessão especial
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Sessão Especial, o INDIE convidou o diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul para escolher uma das suas obras para o festival online. O diretor escolheu o curta Vapor, de 2015, que mostra a cidade onde Apichatpong mora sendo envolvida por nuvens brancas de inseticida. Para ele, o filme é especial porque trata da casa e de como o meio-ambiente cria essa condição especial para cada um de nós, principalmente depois da experiência com a quarentena. Outro filme convidado foi o longa Memórias do meu corpo, do diretor indonésio Garin Nugroho, que trata a questão da sexualidade como uma questão política, para Nugroho o filme “é uma afirmação e uma crítica. Afirma que a mistura de masculinidade e feminilidade sempre foi uma parte normal da natureza e tradição. Também critica a violência contra o corpo em contextos sociais e políticos”. Para complementar o programa, Jennifer Reeder: FFDF (FEMINIST FUTURE DREAM FEVER) convidamos a diretora americana a escolher alguns curtas realizados por ela. Sua obra traz a marca do universo feminino, jovem e adolescente, para o cinema que realiza. quatro curtas da diretora em que o uso da música, através de versões à capela, de coros e bandas, de músicas pop e metal; a estética high school do interior americano; e o marcante trabalho com o imaginário adolescente, principalmente feminino, criam uma identidade única para seus filmes sobre relacionamentos, traumas, as angústias e como amadurecer com essas experiências.

FILMES >
Sessão Fluxus
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Seis curtas nacionais e internacionais foram escolhidos exclusivamente para a versão online do INDIE e estão no programa Sessão Fluxus. O nome do programa, Fluxus, é uma referência ao festival pioneiro de exibição de filmes na internet que teve sua primeira edição há 20 anos atrás, realizado pela Zeta, mesma produtora do INDIE, o festival até 2011 exibia apenas curtas no ambiente virtual, depois realizou exposições audiovisuais nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio. O programa exibe produções do Irã, Brasil, Suíça, Índia, Estados Unidos e Alemanha.

FILMES >
JURI
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O júri da Mostra Competitiva traz três nomes importantes do pensamento crítico do país.

 
Ivana Bentes é pesquisadora na área de Comunicação e Cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura contemporânea, tem mestrado e doutorado em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ, onde é professora da graduação e da pós-graduação em Comunicação e Cultura.

 
Pablo Villaça é escritor e crítico de Cinema desde 1994 e criador do site de cinema mais antigo da internet brasileira, o Cinema em Cena, que completa 23 anos em 2020. É autor de dois livros e tem capítulos publicados em outros três, ministra cursos de linguagem cinematográfica em todo o país, somando mais de 6 mil alunos desde 2009, e cobre os principais festivais internacionais, como os de Cannes, Berlim e Tribeca.

 
Cássio Starling Carlos é crítico de cinema, pesquisador de história do audiovisual e editor do blog Histórias de Cinema na Folha, Facebook e Instagram. Organiza e edita as coleções de cinema da Folha.

VINHETA

CRÉDITOS

REALIZAÇÃO

ZETA FILMES

 

DIREÇÃO

Daniella Azzi, Eduardo Garretto Cerqueira, Francesca Azzi

 

CURADORIA GERAL

Daniella Azzi, Francesca Azzi

 

COMUNICAÇÃO E PRODUÇÃO

IDENTIDADE VISUAL, PEÇAS GRÁFICAS, SINALIZAÇÃO, VINHETA E WEBSITE
Voltz Design
DIREÇÃO DE CRIAÇÃO E PRODUÇÃO
Alessandra Maria Soares, Cláudio Santos
VINHETA Cláudio Santos (Direção), Leo Dutra (Animação) e Fabiano Fonseca (Trilha)
WEBSITE (PROGRAMAÇÃO)
Lucas Junqueira
ASSESSORIA DE IMPRENSA
ProCultura
TRADUÇÃO E LEGENDAGEM
ETC Filmes
TRADUÇÃO E LEGENDAGEM (DEPOIMENTOS DOS DIRETORES)
Pedro Tavares

 

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Dan Sallitt
Apichatpong Weerasethakul, Jennifer Reeder

 

AGRADECIMENTOS

Alessandra Soares, Alexandra Lerman, Armando Capó, Cássio Starling, Claudio Santos Rodrigues, Diana Cabral, Dylan Lustrin, Fabienne Mahé, Ivana Bentes, J Frisch-Wang, James Benning, Jessica Cruz, Jing XU, Joshua Gil, Koji Fukada, Juliana Guimarães Batista, Leandro Lara, Magdalena Banasik, Maria Ruggiere, Mohammad Talebi, Nélio Ribeiro, Pablo Villaça, Pedro Costa, Pedro Tavares, Roberto Moreira dos S. Cruz, Rodolfo Magalhães, Vrinda Samartha.