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2555 DIAS = 7 ANOS
2333 LETRAS PARA ESTE ESPAÇO = UMA APRESENTAÇÃO
O lugar de um festival é um lugar político. Não a política dos políticos, aquela feita pelo governo e oposição. Mas a política do indivíduo que questiona a sua mera existência. Uma micro-política que nada mais é do que “como me organizar com aquilo que sou, que sigo, que quero ser e deixar como herança para os meus”. Aqui é um lugar do desejo e portanto político em sua essência. Lugar que transpõe nosso cotidiano acachapante - situações-limite respaldadas por pequenas frustrações diárias, nada edificantes; somos seres absurdamente esfregados e atenuados de nosso brilho. Um festival, para aqueles que o idealizam, é uma cavalgada bruta, diante de tantas insurreições pessoais que nos fazem questionar todos os protocolos a seguir. Um festival não precisa de protocolos, a não ser aqueles próprios criados para sua existência. Um festival como este aqui (a ele acrescente em sua mente a palavra “nosso”) está em busca de caminhos próprios, falas específicas. Não inventamos caminhos do nada, mas podemos mudá-los, revê-los e refazer tudo.
Um festival de cinema para aqueles que freqüentam, imagino eu, se não é, deveria ser, um espaço instável da existência. Explico: dentro do inerente e banal cotidiano, está você - um ser sujeito à mudanças, disposto a cair na rede das maiores ilusões, de despencar de suas convicções mais enraizadas... e tudo pelo cinema. Um espectador é um ser mutante e precisa saber que está sujeito a sê-lo assim empre. O filósofo francês Gilles Deleuze disse que é importante que o personagem e o espectador, os dois juntos, se tornem sempre visionários. Sim, o cinema deveria nos levar ao abismo e em ínfimos quadros por segundos, nos deixar acreditar que não somos de carne e osso, que nada! Somos seres imaginários, imaginados, imagináveis, ou projetados ali naquela tela, pequena ou grande, tanto faz. Uma mostra de cinema como o INDIE quer estar mais próxima do risco e mais longe das certezas. Novos diretores, filmes gerados e distribuídos de maneira independente, um cinema de sensações ainda não encapsuladas pelo mercado. O Indie quer ser, a cada ano, cada vez mais Indie.
A imagem tão marcante de Glauber Rocha no belo filme de Paula Gaitán, “Diário de Sintra”, é algo que não sai mais da memória. Ele com o seu jeito esfuziante, numa dada situação disse: “Eu não gosto mais de filmes. Está tudo acabado! É preciso mudar para novos filmes, novos movimentos! (New movies, new movements) – MO VI MEN TO”. Glauber, você tem razão é necessário novos filmes, o movimento, a inconsistência da permanência. Depois de mais de 20 anos de sua morte, Glauber... o cinema está vivo mas não há uma revolução. Precisamos observar e descrever, acreditar na capacidade visionária do cinema e nos entregar. Como seres instáveis, filosóficos, políticos e mais ou menos felizes que somos.
Francesca Azzi, Eduardo Garretto Cerqueira, Daniella Azzi
INDIE 2007 (ano ímpar): 139 sessões, 129 filmes, 23 países
Dialogue no Blog: www.zetafilmes.com.br/indie/blogindie
2333 LETRAS PARA ESTE ESPAÇO = UMA APRESENTAÇÃO
O lugar de um festival é um lugar político. Não a política dos políticos, aquela feita pelo governo e oposição. Mas a política do indivíduo que questiona a sua mera existência. Uma micro-política que nada mais é do que “como me organizar com aquilo que sou, que sigo, que quero ser e deixar como herança para os meus”. Aqui é um lugar do desejo e portanto político em sua essência. Lugar que transpõe nosso cotidiano acachapante - situações-limite respaldadas por pequenas frustrações diárias, nada edificantes; somos seres absurdamente esfregados e atenuados de nosso brilho. Um festival, para aqueles que o idealizam, é uma cavalgada bruta, diante de tantas insurreições pessoais que nos fazem questionar todos os protocolos a seguir. Um festival não precisa de protocolos, a não ser aqueles próprios criados para sua existência. Um festival como este aqui (a ele acrescente em sua mente a palavra “nosso”) está em busca de caminhos próprios, falas específicas. Não inventamos caminhos do nada, mas podemos mudá-los, revê-los e refazer tudo.
Um festival de cinema para aqueles que freqüentam, imagino eu, se não é, deveria ser, um espaço instável da existência. Explico: dentro do inerente e banal cotidiano, está você - um ser sujeito à mudanças, disposto a cair na rede das maiores ilusões, de despencar de suas convicções mais enraizadas... e tudo pelo cinema. Um espectador é um ser mutante e precisa saber que está sujeito a sê-lo assim empre. O filósofo francês Gilles Deleuze disse que é importante que o personagem e o espectador, os dois juntos, se tornem sempre visionários. Sim, o cinema deveria nos levar ao abismo e em ínfimos quadros por segundos, nos deixar acreditar que não somos de carne e osso, que nada! Somos seres imaginários, imaginados, imagináveis, ou projetados ali naquela tela, pequena ou grande, tanto faz. Uma mostra de cinema como o INDIE quer estar mais próxima do risco e mais longe das certezas. Novos diretores, filmes gerados e distribuídos de maneira independente, um cinema de sensações ainda não encapsuladas pelo mercado. O Indie quer ser, a cada ano, cada vez mais Indie.
A imagem tão marcante de Glauber Rocha no belo filme de Paula Gaitán, “Diário de Sintra”, é algo que não sai mais da memória. Ele com o seu jeito esfuziante, numa dada situação disse: “Eu não gosto mais de filmes. Está tudo acabado! É preciso mudar para novos filmes, novos movimentos! (New movies, new movements) – MO VI MEN TO”. Glauber, você tem razão é necessário novos filmes, o movimento, a inconsistência da permanência. Depois de mais de 20 anos de sua morte, Glauber... o cinema está vivo mas não há uma revolução. Precisamos observar e descrever, acreditar na capacidade visionária do cinema e nos entregar. Como seres instáveis, filosóficos, políticos e mais ou menos felizes que somos.
Francesca Azzi, Eduardo Garretto Cerqueira, Daniella Azzi
INDIE 2007 (ano ímpar): 139 sessões, 129 filmes, 23 países
Dialogue no Blog: www.zetafilmes.com.br/indie/blogindie